A
galera tá nas ruas Brasilzão a fora. Idosos, empresários, aquele policial que lhe enquadrou na semana passada, crianças, aleijados, estudantes, vagabundos, o cara que arrancou o seu siso e doeu, alunos de MMA, a(o) ex-amante do seu pai, atendentes de telemarketing, a mina que te deu um pé na bunda (e doeu também), enfim, tem muita gente.
Me
pergunto se todos têm consciência do que ali fazem. Olha, pra começar, já vou
dizendo, não sou petista. Inclusive, nas últimas eleições, no 1º turno, não
votei na Dilma, votei na candidata do PSOL (e daí? Achou ruim? Vem pro pau!).
No 2º, eu votei no PT, por estado de necessidade (não preciso explicar por que
não votei no Aécio, ou preciso?). Segundo noticiado, as manifestações foram
convocadas por três grupos. Um deles quer a volta do governo militar (eles se esqueceram
de perguntar aos militares se eles têm interesse no cargo, mas... deixa pra
lá), outro quer o impeachment da Dilma, e o último quer, tcham-tcham-tcham-tcham,
o fim da corrupção (original, não?).
Não
preciso dizer que faz sentido lutar por um país menos corrupto, mas não será
botando o PSDB na cúpula do poder que conseguiremos. Se você acha que os tucanos
fariam um país menos corrupto, você é realmente digno de pena. O caso é que
toda essa gente bradando por coisas diferentes, a maioria repetindo o que ouvia
sem saber direito o que significa, soou esquizofrênico. Mas isso é coisa de
Brasil e de sua gente muito bem politizada pela nossa mídia bastante
democrática que não é controlada por um seleto grupo de conservadores...
Será
que é tão difícil perceber a manipulação que “tá no ar”? As manifestações em
oposição ao impeachment da Dilma tiveram quase nenhuma cobertura. Cinco
segundos de imagem e uma breve definição, foi o que eu vi no Jornal Nacional (eu
assisti apenas para confirmar o que imaginava que iria acontecer, e que de fato
acabou acontecendo). Por outro lado, para as manifestações de hoje, houve
plantões jornalísticos, mudança do horário do jogo e sempre os repórteres da
globo e da band dizendo: “a manifestação é pacífica”; “são milhares de pessoas”;
“contra a Dilma”. Eles repetiam isso, quase como um mantra. Mais ou menos às 19
horas deste domingo, o Ministro da Justiça convocou a imprensa para falar sobre
as manifestações. Apenas a TV Cultura exibiu o pronunciamento do cara. Por que
a Globo não transmitiu a posição do governo sobre os protestos? O tema não era
tão importante a ponto de terem ficado o dia todo cobrindo?
Também
não foi agradável ter visto aquelas pessoas batendo panela. Eu sei que esse
governo cometeu e comete erros, mas não tem como não reconhecer os méritos dele
no COMBATE À FOME, PORRA!!! Na alta cúpula do poder do país, desde João
Goulart, o governo do PT foi (ainda é, se vocês deixarem, é claro...) o único que
se preocupou com as hordas de esquálidos que se avolumavam pelos rincões do
país e periferias das nossas grandes cidades. A ONU reconheceu que o Brasil
saiu do mapa da fome no mundo, pessoal! E vocês batem panela... Isso é que é
vontade de riscar o teflon!
Alguns
já me disseram que mesmo os pobres que votaram na Dilma, os principais
beneficiários das políticas sociais dos anos de governo petista, já se
convenceram de que o ciclo do PT acabou e querem algo novo. Eu concordo com
vocês. Boa parte dessas pessoas é facilmente influenciável e não prima por uma
boa memória. Talvez alguns de seus filhos que tiveram a oportunidade de fazer
faculdade (os únicos em toda a árvore genealógica dessas famílias), graças justamente
aos “petralhas”, também tenham aderido à onda anti-Dilma. Coitados, querem ser
aceitos e abraçar a moda, mas vão se arrepender quando a meritocracia à moda
Brasileira (diga-se, elitismo) voltar.
Nêgo,
você tome tento e pense por você. Não quero formar a opinião de ninguém com
isso aqui, até porque ninguém vai ler, mas quero lançar a dúvida. Eu mesmo
escrevo pra tentar compreender todo esse caldo fétido. Veja, ou melhor, note, rs,
eu sei que a Dilma tem cara de um molequinho atentado, que ela não é
articulada, simpática e fotogênica. Mas, meu querido, essa mulher dedicou a
vida dela aos outros, e ainda dedica. Você acha que pra ela é fácil ser chamada
de puta, ladra, bandida, corrupta, terrorista, escrota, todos os dias, por pessoas que
sequer se dão ao trabalho de ler mais do que o limite de caracteres do twitter (isso sendo otimista),
e se acham a elite intelectual do Brasil a ponto de querer criticar o Juca
Kfouri e o Leonardo Sakamoto?
Eu
também, assim como você, acho política, pelo menos da forma como aprendemos a
compreendê-la, uma RESSACA (o porre é bom, né?). Mas, não tem jeito, lá vai o politiquês: i) temos
de apoiar a REFORMA POLÍTICA (mudar as regras dos financiamentos de campanha,
da composição das maiorias (pra que ninguém, uma vez no poder, tenha que ser obrigado a fazer coligação com o PMDB - isso sim contribuirá com a diminuição das corrupções - "ah, mas ninguém é obrigado, o PT fez a coligação porque quis", tá bom, boneca, olha só: "se não coliga, não governa", esse é o mantra do nosso presidencialismo, de autoria dos peemedebistas); e ii) tributar mais as GRANDES FORTUNAS E AS GRANDES HERANÇAS
(Dilma, não tribute o consumo e a produção, cacete, tribute os ricos, tá, eu
sei, no Congresso não passa, mas tente, e diga isso em rede nacional, que o
arrocho vai ser em cima dos ricos, se não der, não deu, pelo menos você terá tentado...). Alguns de vocês vão achar que essas minhas sugestões são muito duras, que esse papo de tributar ainda mais os ricos é
conversa de socialista vagabundo, de gente que não quer empreender. Saibam que SEUS
QUERIDOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA JÁ FIZERAM TUDO ISSO HÁ UM TEMPÃO, SABICHOSOS!
Vocês sabem quanto é o percentual que os herdeiros norte-americanos têm de pagar
pro fisco e o quanto os ricaços pagam de impostos por lá...?
Pra
concluir, NÃO TEMOS DE QUEIMAR O RABO DA DILMA, a não ser que vocês queiram a
volta dos anos noventa, o aumento da ainda absurda desigualdade social, a
privatização do que resta das empresas públicas (se é isso que você deseja,
recomendo que leia uns artigos de economistas da CEPAL, se não quiser ler, que
se foda...). O caso é que todo o mundo quer, pede, reclama, brada, mas, se
dedicar a tentar compreender esse país, já é outra jogada (vamo lá, quantos de vocês leram Darcy Ribeiro e Raymundo Faoro?). É mais fácil abrir essas bocarras bem
alimentadas e reclamar. Raulzito já dizia: “O PROBLEMA É TÃO FÁCIL DE PERCEBER,
É QUE GENTE, GENTE NASCEU PRA QUERER...”
O jegue o cego segue.
ResponderExcluirGK
melhor nas ruas do que no facebook...democracia não exite, é utopia, e mulher no poder? dia da mulher foi dia de vaiar ... ódio? sim, o mais puro ódio a tudo que vira notícia repetitiva e vazia! obrigada por enriquecer o diálogo! : ))
ResponderExcluirA massa está homogeneizado. O PT e o PSDB são a farinha do mesmo saco. Resta agora por no forno e esperar queimar.
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