sábado, 13 de julho de 2013

PASSARINHO



                                        Para Gabriele Toth, 





Tinha um passarinho,

Cujas penas brincavam com as cores

Voava pelos sonhos mais distantes

E de lá de longe o via voltar e trazer sabores




Anunciava a chegada com o seu cantar

Colorindo tudo ao seu redor

Bastando-se fazer presente, para as dores aliviar.




Pedia passagem à escuridão trazendo consigo a luz do dia

Já que esse passarinho, assim como as flores

Alimentava-se de Sol, sim, ele podia


Porém não retribuía com frutos, mas com amores!





Esse passarinho, às vezes, muito ficava agitado

Piava assustado

Gritos, sirenes, sujeira, maldade

O passarinho muito sofria viver na cidade

As voltas do mundo o assustavam

Não entendia por que as pessoas não se amavam

Cantava para mim que eu devia dar vida àquilo que sonhava

O que coloriu minha alma

Eu lhe retribuía afagando-o, 

Passando-lhe calma...


Por algum tempo, alimentou-se na minha mão

De companhia que expulsava a solidão

Cantou certa vez que me amava mais que o mundo

O que me tocou fundo.


Disse à ave querida:

Não sou maior que a vida...



Um dia esse passarinho cantou que partiria

E que aceitar eu teria

Ele tinha a vida a desbravar

Jurei que não choraria

Porque para sempre o veria 

No céu das lembranças a voar



Se dele falta sentir

Não hei de sofrer

Com ele aprendi, quando o ensinei

Todos estamos de passagem

A existência é só uma miragem,

Que apesar das distâncias,

Dos maldizeres e dos sofreres

Ânsias e sedes, 

O mundo não tem paredes!



Cantei ao passarinho que ele sempre terá um ninho

Quente, gostoso e salpicado de canela

Se sofrer nesse vasto mundo moinho 

Basta pousar em minha janela

Suas feridas hei de cuidar

E quando estiver refeito

Preparado para de novo se aventurar

Não se esquecerá de meu peito

Acalentado lar.


Pretende a ave descobrir o sentido da vida

Vejo-a voltar novamente, ferida

Que percorrera todo o céu cantará triste

Que vira tudo o que existe

E voltara para o mesmo lugar

Sem a grande verdade encontrar


Terei de dizer ao passarinho,

Que o sentido da vida é buscar seu sentido

E que se segredo há,

Está exatamente em sempre permitir-se voar!
























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