Para Gabriele Toth,
Tinha um passarinho,
Cujas penas brincavam com as cores
Voava pelos sonhos mais distantes
E de lá de longe o via voltar e trazer sabores
Anunciava a chegada com o seu cantar
Colorindo tudo ao seu redor
Bastando-se fazer presente, para as dores aliviar.
Pedia passagem à escuridão trazendo consigo a luz do dia
Já que esse passarinho, assim como as flores
Alimentava-se de Sol, sim, ele podia
Porém não retribuía com frutos, mas com amores!
Esse passarinho, às vezes, muito ficava agitado
Piava assustado
Gritos, sirenes, sujeira, maldade
O passarinho muito sofria viver na cidade
As voltas do mundo o assustavam
Não entendia por que as pessoas não se amavam
Cantava para mim que eu devia dar vida àquilo que sonhava
O que coloriu minha alma
Eu lhe retribuía afagando-o,
Eu lhe retribuía afagando-o,
Passando-lhe calma...
Por algum tempo, alimentou-se na minha mão
De companhia que expulsava a solidão
Cantou certa vez que me amava mais que o mundo
O que me tocou fundo.
Disse à ave querida:
Não sou maior que a vida...
Um dia esse passarinho cantou que partiria
E que aceitar eu teria
Ele tinha a vida a desbravar
Jurei que não choraria
Porque para sempre o veria
No céu das lembranças a voar
Se dele falta sentir
Não hei de sofrer
Com ele aprendi, quando o ensinei
Todos estamos de passagem
A existência é só uma miragem,
Que apesar das distâncias,
Dos maldizeres e dos sofreres
Ânsias e sedes,
O mundo não tem paredes!
Cantei ao passarinho que ele sempre terá um ninho
Quente, gostoso e salpicado de canela
Se sofrer nesse vasto mundo moinho
Basta pousar em minha janela
Suas feridas hei de cuidar
E quando estiver refeito
Preparado para de novo se aventurar
Não se esquecerá de meu peito
Acalentado lar.
Pretende a ave descobrir o sentido da vida
Vejo-a voltar novamente, ferida
Que percorrera todo o céu cantará triste
Que vira tudo o que existe
E voltara para o mesmo lugar
Sem a grande verdade encontrar
Terei de dizer ao passarinho,
Que o sentido da vida é buscar seu sentido
E que se segredo há,
Está exatamente em sempre permitir-se voar!
Pretende a ave descobrir o sentido da vida
Vejo-a voltar novamente, ferida
Que percorrera todo o céu cantará triste
Que vira tudo o que existe
E voltara para o mesmo lugar
Sem a grande verdade encontrar
Terei de dizer ao passarinho,
Que o sentido da vida é buscar seu sentido
E que se segredo há,
Está exatamente em sempre permitir-se voar!
Lindo lindo lindo como sempre... muito grata ! : )
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